segunda-feira, junho 15, 2009

A AMIZADE



Não estava á espera disto..., disse alto Liliana, pensando com os seus botões.
O carinho que por compaixão lhe manifestavam era igualmente retribuído, mas nem sabia bem como dizê-lo.

Os seus amigos muitas vezes a tinham deixado com um sorriso no coração.
Porém, desta vez tinham-na deixado tão espantada como naquele dia que tinha ficado a olhar uma árvore sem saber o tempo que tinha isso durado.

Pensara na àrvore quando era semente,como crescera, as estações que tinham passado por ela, os frutos que dera,depois na textura, na seiva que lhe corria nas entranhas,até que se perdera nas rugas da sua casca,como quem sabe daquela madeira as moléculas de que é feita...

...era assim aquela amizade.

Não sabia como dizer-lhes,talvez os conhecesse de outras vidas,por isso ao pensar nos seus amigos sorria-lhes.

O tempo escorria pelo calor dos dias.
Liliana por fim, decidiu que lhes ía escrever.
Mas como agradecer a Amizade, se ela é recíproca e não havia nada que pudesse acrescentar?
Então, fez um bilhete desenhado com uma flor de Oliveira:



e escreveu:

"A nossa Amizade,
é como uma árvore,
onde as nossas Almas,
podem descansar."


Este post é uma resposta ao blog :

http://reflexoessentidas.blogspot.com/

junto com um abraço e um sorriso.

quinta-feira, junho 04, 2009

VIDA

Foto da Wikipédia - Orquídea



Liliana, de manhã cedo, quando o tempo estava bom, saía para fazer a sua meditação ao ar livre.
Havia um sítio que em especial a atraía. Era um recanto, em semi-círculo, a meio de uma colina.
Tinha uma vista fantástica e estava bordejado de flores.

Para além da meditação, do apaziguamento, da vista, do colorido e aromático sítio, ou talvez como resultado de tudo isso, Liliana, sentia-se plena de gratidão para com a Vida.

Inspirada, abriu os seus braços e disse :

Vida que És,
Sê em mim
Completamente.

Enche-me de Ti
E cumpre-Te
Plenamente.

Como o Oceano,
Que é a expressão máxima
Da água.

Como o espaço,
Que é a expressão máxima
Do firmamento.

Como o incêndio,
Que é a expressão máxima
Do fogo.

Como a eternidade,
Que é a expressão máxima
Do tempo.

Sê,
Para que possa rever-me
Neste sonho
E
Sorrir de me sonhar,
Assim,
Contente.


Já a caminho da sua gruta, Liliana questionava-se:
Como partilhar estes estados de profunda entrega mística à Vida?

Por um lado eram-lhe gratificantes e suficientes, mas por outro seria uma alegria maior se outros pudessem usufruir de semelhante bem-estar.

E continuava:
Partilhar, é vir a correr, como criança, contar aos outros a novidade, pois que então não se duvida que eles são partes de nós...

Que dia fantástico...murmurava ainda ao chegar à sua gruta.


Lisboa, 3 de Junho de 2009