Liliana tinha uma espécie de diário, um bloco velho com papel quadriculado, onde tomava notas de pensamentos, ideias e até escrevia cartas que nunca daí saíam.
Frequentemente divagava, pegava no bloco e voltava a fechá-lo tal e qual o abrira... Observava como os pensamentos são velozes, não se deixando prender assim tão facilmente.
Como seria descrever o voo dum pássaro a percorrer mundos sem fim? Planando sobre tudo o que acontecia, vendo-se a si,vendo com os olhos da própria vida?
Estava tudo sempre tão certo...
Visto assim, era fácil, tão fácil que parecia até ridículo.Era só viver e pronto.
E o paradoxo era ser isso o mais difícil!
Como é que, em cada dia, tínhamos um dia novinho em folha e acabávamos sempre por “borrar a pintura”?!
Liliana começara a escrever. Tinha um bando de palavras preso na garganta, outro na ponta dos dedos...
Pensava: “soltaram-se e desde então é o que se vê...”
E sorriu a mais um dia.
Liliana, 12 de Abril de 2006
1 comentário:
E de repente vamos ao bloco quadriculado e os textos e apontamentos lá deixados ganham vida. Parare o Pinóquio, boneco de madeira, de vida animado.
De lá saem mundos, dimensões, planos e outras existências. Saem todas as cores, partituras, composições e outros maravilhamentos da alma.
Porque será que a tampa se destapou, Liliana?...
Oxalá nunca mais volte para o seu lugar de tapar, o conteúdo, a essência.
Um abraço
José António
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